segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Inclusão escolar causa polêmica em instituições educacionais



Ana Luiza Panazzolo

Josiane Portela



A Lei de Diretrizes e Bases da Educação está provocando controvérsias em escolas de Ensino Fundamental e Médio de Campinas. Os educadores estão sentindo as mudanças que a legislação impõe. Professores como Paulo Bozza encontram diversas dificuldades para lecionar devido a falta de preparo e orientação adequados para lidar com crianças portadoras de necessidades especiais.

“É muito importante que uma pessoa com qualquer tipo de necessidade especial se insira integralmente na sociedade. O grande problema é que nem sempre a teoria se concretiza na prática. Conheço muitos docentes que excluem esses alunos por saber que não conseguiriam educá-los corretamente”, afirma o professor de Educação Física do Colégio Coração de Jesus.

Para Silvia Caprini, advogada especialista em educação, a Inclusão Escolar é importante desde que o aluno portador de necessidades especiais possa interagir com os demais estudantes e vice-versa. “Não acho que a lei está conseguindo atingir os seus objetivos. A inclusão escolar, para acontecer de fato, precisa recriar um novo modelo educativo com ensino de qualidade buscando caminhos pedagógicos de inclusão”, afirma.

A psicóloga Rita Khater explica que as crianças portadoras de necessidades especiais precisam estar em um ambiente em que se sintam bem. Caso contrário, elas podem se expressar de uma maneira individual e diferenciada. “Se essa manifestação significar agressão à criança alheia, há a necessidade, sem dúvidas, que profissionais especializados estejam próximos para conseguir amparar a criança”, complementa.

Confira o comentário da Assistente Social Cleide Salvador sobre a Lei:


Para atender essas crianças, as escolas precisam de duas adequações distintas. Para portadores de deficiência física, há a necessidade de modificar o espaço físico do colégio, o que inclui rampas, elevadores e corrimãos, por exemplo. Já para portadores de deficiência mental, a situação é mais complexa, sendo necessária uma atenção individual intensa por parte dos docentes e de uma educação diferenciada.

A falta de preparo gera dificuldades aos profissionais para que consigam lidar de forma semelhante com ambos os alunos, lecionando de forma efetiva tanto para os estudantes com deficiências, que exigem atenção específica, quanto para os demais.  “A educação desses alunos acaba ficando incompleta. Faltam especialistas. Por exemplo, um aluno surdo-mudo necessita de uma tradutora dentro da sala de aula, o que não acontece”, afirma Bozza.

A grande maioria das escolas especializadas possui um ensino preparado e especializado. Nelas, além das aulas normais, os alunos recebem uma profissionalização durante o ano letivo. Com isso, muitos deles finalizam os estudos já inseridos no mercado de trabalho. Porém, se por um lado ela é recomendada por muitos educadores, quando o assunto é inclusão, há uma deficiência. Afinal, no ambiente em os alunos convivem com pessoas iguais a eles, há a diminuição dos obstáculos na convivência escolar.  

A legislação brasileira é a mais completa do Mundo, mas será que a fiscalização é correspondente? Para Silvia, não. “Acho que a fiscalização não acontece. Porém, para que a Inclusão Escolar ocorra de maneira satisfatória, muito mais que fiscalizar é necessário que sejam estabelecidas metas de trabalho baseadas em um enfoque equilibrado e não com atitudes extremas e radicais apenas para se cumprir a lei”, afirma.
           
Mais sobre a lei

A Lei dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência e sua integração social; a inclusão, no sistema educacional como modalidade educativa; e acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos.

No seu artigo oitavo considera crime punível com reclusão de um a quatro anos e multa a quem recusar, suspender, cancelar ou fazer cessar sem justa causa a inscrição de aluno portador de deficiência.

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