quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Fãs praticam automobilismo pela internet


Marília Varoni 
Raoni Frizzo

Futebol, vôlei, natação – os esportes atraem todas as idades e classes sociais não só para o entretenimento, mas também para a prática. E o automobilismo, com milhões de seguidores por todo o mundo e uma estrutura diferenciada, como ter acesso e poder praticar?

Está aí uma questão que a internet e sua rede de relações conseguiu resolver. Atualmente, os corredores se encontram nas ligas virtuais. Entre os participantes estão crianças, jovens, adultos, homens e mulheres que se encantam com a emoção da velocidade. Além dos pilotos, encontramos também as torcidas. Muitas pessoas chegam a acessar as corridas e acompanhar a desenvoltura dos corredores nas corridas virtuais, alguma até com transmissão ao vivo. E é tudo organizado, com horário marcado, pontuação e reconhecimento.

Um dos fãs do segmento é o editor de vídeo Fábio Ferelli Vasques. O sul-matogrossense de Campo Grande conta que sua paixão pelas corridas de carros começou nos anos 80, quando ganhou seu primeiro videogame, que nunca mais largou e foi acompanhando a evolução dos jogos de corrida. O ‘piloto’ conta que viu pela internet uma liga de competições e resolveu se aventurar. “De cara fiz meu cadastro e comecei a participar do fórum, fiz várias amizades, entrei em uma equipe e comecei a correr”, explica.
Com adeptos espalhados por todo o país, a região de Campinas também possui participantes no automobilismo virtual. Um exemplo é Luis Felipe Gamper. Seguidor dos simuladores há quase 15 anos, o estudante de engenharia de produção conta que depois que adquiriu um volante sua diversão aumentou consideravelmente. “Com o volante a imersão é bem maior, parece que você está realmente pilotando”, afirma.
Gamper ainda conta que existem algumas diferenças entre quem pilota um simulador e um carro de verdade. “A grande diferença entre os simuladores e a vida real está nas forcas G (forças da gravidade). Na vida real, você tem uma boa noção da sua velocidade e aceleração pelas forças G que atuam no seu corpo e isso te ajuda muito na pilotagem. Por isso, na minha opinião, pilotar um simulador é mais difícil do que na vida real”, explica.



Mas por trás de toda a diversão há uma nem tão simples organização. Para manter a ordem e um convívio justo entre os diversos participantes, as ligas possuem os chamados ‘administradores’, cuja função é a de elaborar campeonatos, regras, manter todo um sistema de dados em ordem. O vendedor Fernando Tumushi se enquadra no perfil citado. Administrador da liga GPL Brasil, que reproduz campeonatos baseados na Fórmula 1 dos anos 60, Tumushi trata sua função como “um desafio”.
“As disputas virtuais, não envolvem apenas as corridas, porém todo o contexto de um evento automobilístico e é necessário colocá-lo em prática. Conciliar ideias de 20, 30 pessoas não é uma tarefa fácil. É preciso ter cautela e muita desenvoltura para que cada ação não venha a gerar um conflito. Pensamos em regras, testamos elas e as colocamos em prática”, argumenta.
O administrador conta que a idade não é um fator que impeça quem estiver disposto a participar das corridas, já que há uma mescla de jovens de menos de 18 anos até pilotos acima dos 50 anos. Por fim, ele deixa seu recado para quem ainda pretende ingressar neste ‘mundo’: “Tenham força de vontade. Para aprender a pilotar, a saber seus limites e respeitar ao próximo, pois mesmo que não haja nada físico nas disputas, os outros veículos que aparecem na tela, são comandados por outras pessoas. O resto é só diversão”.
Companheiro de Tumushi na organização dos campeonatos, o capixaba Thiago Lemos, estudante de ciência da computação, nos conta no áudio abaixo mais um pouco de como é o processo de organização de uma liga virtual. A declaração dele você confere junto com algumas imagens de simuladores disponíveis para os pilotos virtuais.

Engana-se quem pensa que apenas brasileiros disputam curvas no mundo virtual. Pessoas de outros países, como a Argentina, dividem o mesmo espaço com os brazucas, tudo em um clima de cordialidade e atraídos pelo mesmo interesse: a paixão pela pilotagem. O repórter fotográfico José Carminio diz que tem uma relação muito boa com os brasileiros e ama o país, e que não há divergências entre os povos, ao contrário do futebol. “O público do automobilismo é tolerante. Aqui nas corridas há públicos de distintas equipes compartilhando comida, bebida e depois se miram às corridas. Isso pode se passar no futebol? Definitivamente não. Creio que o futebol divide, é violento geralmente”, argumenta.

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